Ás vezes, quando estendo meus pensamentos no varal, nas manhãs de julho, com o frio pincelando as imagens, pinto todos os retratos que, sorrindo acariciam meus olhos, num beijo de saudade por ter vivido justamente assim.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Rosas para Constança

Lá está ela tão faceira
parece até moça rendeira.
Minha parceira vinha me ver
sempre na quinta-feira.
Tão alegre, tão festeira
ríamos por qualquer besteira.
Fazíamos tanta brincadeira
até a dança da cadeira.
Que loucura tão cozinheira.
Mãe dedicada parecia uma
chocadeira, pois se doava por inteiro.
Que saudade minha parceira,
vou virar uma jardineira
plantar uma roseira e sempre rir na quinta-feira.


sábado, 26 de novembro de 2011

Final de tarde em Guaíba

Para todos que amam a vida,
dedico este momento mágico...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ternura

Quando passei lentamente minha mão sobre a lágrima a rolar por sua face, descobri a ternura com que seus olhos olharam as minhas lágrimas.

sábado, 29 de outubro de 2011

De Rosto Colado

De rosto colado

Marilda Wolff

Corre o braço pela cintura. Dançam de rosto colado. Nenhuma palavra. Somente a música os faz falar. Seus passos sincronizados são observados por todos no baile.

Alguns dançantes até chegam a tropeçar em seus próprios pés ao olhar o casal de branco, como pluma a flutuar. Eles nunca pa­ram. Vários casais, outros avulsos, de quando em quando, descan­sam entre um gole e outro.

O casal de branco, em silêncio, num vai-e-vem, faz debruçar na mesa aqueles não muito dotados para a dança. Ela gira. Uma. Duas. Três, e volta a cair doce nos braços do homem, que, nova­mente, corre o braço pela cintura e dançam de rosto colado.

Olhares vigilantes tentam se aproximar, imitar os passos, mas nada. Com a mente já um tanto embebida, grita o jovem:

São contratados para animar os convidados!

Que nada!, grita outro. São dois esnobes que ninguém nunca viu por aqui.

Os abusos os fazem chegar até eles.

Hei, estranhos, parem!

Conhaque, conversa e riso. Isso também é diversão. Nem ou­vem. Continuam a dançar de rosto colado. Casais resolvem fazer competição. Alguns apostam que irão aguentar em passos firmes o ritmo "dos de branco", como começaram a chamá-los. Pouco a pouco, foram desistindo. E todos se importam: na verdade, já ha­via virado provocação. Eles dançam.

Casais de meia idade pensam que é hora de irem embora, le­var suas filhas, mas todas só ficam ali, olhando. Torna-se fixação. E o desejo nasce. Dançar como a mulher de branco, ter um par como a mulher de branco. A música continua a tocar e os sussur­ros parecem um coro, e, em meio a todo tumulto, eles continuam a dançar.

As ancas da mulher! Que ancas! Deixavam nervosos todos aqueles desacompanhados e acompanhados, numa inveja a espir­rar pelos cotovelos.

As meninas cansadas de estarem sentadas, pregadas nas cadei­ras pensavam: "Idiotas, ficam olhando a mulher de branco. Que­rem a mulher de branco". E os idiotas, ali encostados pelos can­tos, pensavam: "Estas meninas idiotas ficam olhando o homem de branco. Querem o homem de branco".

E o casal em silêncio dança.

Ninguém mais dança. Todos se perguntam: "Quem são eles"? Ninguém os conhece.

Quem os convidou?

Não sei. Já perguntei a tantos.

Viraram a lista de convidados. Nenhum nome desconhecido.

Ninguém os havia indicado. Quanta loucura por causa de um casal de penetras.

Quantos vestidos feitos para desfilar, com seus brilhos eston­teantes indo ao encontro de tantos ternos italianos e o casal de branco que brilha? Não é justo.

O amanhecer anunciava a última música. Vibram. Vibram mui­to. A música para.

Corre o braço pela cintura. Aperta-a. Dançam de rosto colado, em silêncio.

______________

BIBLIOGRAFIA: Schroeder, Carlos Henrique (Org.) Calígrafo Oriental – Coleção Caderno de Autoria | vol.28 – SESC, Lages/SC, 2009.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Para que os olhos não esqueçam!


Pintarei meus sonhos sem medo.
Olharei os riscos e vou saber o
sentido de cada um...

domingo, 23 de outubro de 2011

Mesmo que Chova

Não quero chorar minhas falhas.
Necessito sorrir o choro por
minhas descobertas, e não intimidar a coragem
para segui-las.
Mesmo que chore forte o choro lá fora, transformo o barulho pesado no telhado numa sinfonia harmoniosa,
caindo lenta, à medida que canta aos meus ouvidos
pingos de espera para outro esperar.
É um repouso para se pensar que toda corrida ocorre conforme deixamos
vazar pelas fendas,
espiando nos momentos em que
acontecem essas transformações...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

IV Bienal do Livro de Santa Catarina 2011 - Agradecimento

Agradeço aos Organizadores da Bienal de 2011 pelo convite de participar com minha instalação: Recortando Sonhos
Estou feliz com o sucesso do trabalho.
Parabéns a todos pelo resultado da Bienal que movimentou o meio cultural em nossa região.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Saudade

Como saudade assim
Se o tempo foi tão curto
E o tempo agora é longo?
Como saudade assim
Se tudo foi como furto?
Corre que corre
Nem que chore.
Não se explica. Sente-se.
Faz doer,
Parece morrer.
Como saudade assim
De quem vai enlouquecer?
Chega a não acreditar.
Começa a puxar
Migalhas do lembrar
Para afastar um pouco
De saudade assim.
Não adianta.
Ela fica batendo, batendo.
Como tortura.
É linha dura.
Estende o ontem,
Mostra o momento incerto.
Hoje deserto.
Que saudade do incerto.
Da curiosidade
Do que vai acontecer.
Aconteceu.
Tanta saudade assim
Do tempo curto.
Tempo agora é longo.
Como saudade assim
Que arrebenta?
Tenta emendar.
Pedaço por pedaço.
Do fato.
Do retrato.
De tanto pedaço.
Como saudade assim?
De luta.
Desejo.
Procura.
Se está tudo tão junto de mim,
Como saudade assim?


Especial para 08 de setembro, afinal, sou de Virgem!


terça-feira, 30 de agosto de 2011

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

SEM ROUPA

Poesia extraída de minha terceira Mostra individual : Alma Sem Roupa



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

IV Bienal do Livro de Santa Catarina

Convido vocês a prestigiarem a IV Bienal do Livro de Santa Catarina, onde estarei, em parceria com o SESC-Lages, fazendo monitorias e oficinas sobre minha instalação Recortando Sonhos. A partir de 19 de setembro, no Centro Serra - Lages - SC.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Calçada

Passar apressada na calçada
Não me deixa ver
Marcas deixadas no chão.

São tantos sentidos de
Seguir que não se sabe
Ao certo onde chegar.

Tantos destinos a disputar
Caminhos às vezes tão incertos.
São tantos alguéns tão sós
A querer uma busca.

Passar apressada na calçada
Não me deixa esbarrar
Com o sorriso,
o "oi" alegre e o "tudo bem?"

É um ar amarrado sempre
A preocupar

Somos todos apressados pela
Calçada a ocupar sentidos
Diferentes sem deixar
Vagas para um mesmo destino.

sábado, 11 de junho de 2011

Janelas





No frio de junho do ano de dois mil e onze criei tantas janelas e através delas espiei
muitos mundos que jamais imaginara
existirem.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Desafios no Museu Thiago de Castro

Mostra no Museu Thiago de Castro

Estou muito feliz com minha participação no Museu.
Um desafio gostoso, para quem desejar observar...

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A Arte sempre deixa algo...

Multiplicação da Instalação: Recortando Sonhos


Para minha alegria a Instalação
Recortando Sonhos que está acontecendo no Sesc , também já está na multiplicação.
O carinho da Aluna e de Angela
tocaram fundo meu coração!

Multiplicação da Mostra: Viajores do Tempo







Mesmo com as Mostras imcompletas pois a maioria das obras ganharam donos, os alunos fizeram um trabalho brilhante, tanto no Visual como
na Literatura.

Multiplicação da Mostra: O que sobrou do almoço


Agradeço a Escola Sta Helena e
A professora e artista plástica
Angela Waltrick
por ter feito a multiplicação de
meu trabalho.
Sinto-me honrada em dividir com a Educação um pouquinho de mim

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Terra Santa



Terra Santa
Onde se planta também se canta.Terra que em noite fria faz doer e até, até arrepia, mas
como mãe ama, aquece, oferece
alegria com promessa de mais um dia receber, acolher, como um abraço seus filhos proteger.
Tenha meu coração como uma
oração em forma de agradecer
por em seu berço nascer.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Partida






Jurou nunca mais voltar.
O vidro trincou quando a porta bateu fechando sonhos, num ontem que não existiu.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Fases


Quando a lua chega,linda e cheia,
quieta lhe falo segredos que estão
do lado de cá.
Docemente conta e traz segredos do lado de lá.
No cheio da cheia vem e semeia.
No raio, beijo- comprido-
que escorrega abraçando
meu beijo.Os lábios em silêncio,
molhados aquecem os delírios
escondidos na sombra cheia da
lua.Beijo abraçado no beijo ,
carrega no abraço o cheiro de
saudade que deixa, quando
minguando rouba lenta a sombra cheia...
Cheia de sonhos...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Extraído : Instalação - Recortando Sonhos






A mesa está lotada.
São tantas as máquinas não sobra espaço para
o vaso de flores, mas ainda quero uma cama bem arrumada para deitar.
Acho que assim poderei sonhar...















Foto- Beto Werner


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sorrio

Sorrio para mim.
Sorrio de mim.
É uma brincadeira.
Parece não ter fim.

Sorrio deste sonho
que me fez sonhar.
Despertei num amanhecer
com a mente delirante.

Criei imagens,
fiz oferendas
e me deliciei com
tudo que criei.
Quando acordei,
sorri de mim.

Na imensa viagem
depositei num real
o projeto no cálculo
do coração.
Não fechou no plano.
Foi então que descobri o engano.

Sorrio de mim.
Por querer tratar assim.
A prática não combina
nem que coloque rima.

Conteúdo não é o forte.
Se dá valor ao pacote.
Agora, fico aqui.
Para acalentar
sorrio para mim.



Ensaio para um dia brega.
Da desilusão e do descaso.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sonhos Estranhos


Texto extraído da instalação Recortando Sonhos.

Dias






Os dias vêm...
Os dias vão...
Seguem...
Leves, pesados.
Abraçados.
De mãos dadas.
Assim não se perdem.
Acordam juntos,
sinal que dormem juntos.
Juntos vivem cada tempo.
Nas lágrimas da chuva...
Nos beijos do vento...
No agasalho da pele.
Às vezes seguem lentos.
Às vezes tão rápidos,
tornam-se quase um.




Texto extraído da instalação Recortando Sonhos.

sábado, 26 de março de 2011

Ensaio Doméstico

O prato azul, acostumado com a prateleira, voou.
Foram noventa e sete anos passado de mãos em mãos.
Desde a primeira que o pegou, foi ocupado...
apreciado...
Restava ainda nas lembranças de outros o cheiro de sabão feito com cinza, apesar de já ter sido lavado com detergente de limão.
Quantas macarronadas,
feijoadas,
risotos servidos!
Delícias da tataravó Flora.
Agora, sombras de seu esqueleto passeiam na pá do lixo.
Enrolado nas folhas de jornal
- muito enrolado.
Colocado num saco.
Nunca feriu alguém, não poderia ser agora.
Histórias passadas, penduradas na grade do muro.

Cadeira- Mostra: O que Sobrou do Almoço

quarta-feira, 23 de março de 2011

domingo, 20 de março de 2011

Um Caminho que Percorri

Acordei na certeza de ter aceito o convite.
Seria um ponto de referência: com certeza chegara em boa hora.
Talvez fosse chegado o momento para
conseguir respostas a perguntas tão constantes.
Coloquei-me em frente ao espelho, vendo
pronta uma imagem ansiosa para o encontro na mata.
Quando cheguei ao local, deslumbrada com a natureza estendendo toda sua majestade inteira para mim, perdi meu pensamento . Ele foi ao longe, anunciando
minha chegada para a procura misteriosa de um certo convite.
Naquele instante, ocorreu-me não lembrar
quem o teria feito, nem como o teria aceito.
Para não perder o encanto, passei a explorar o lugar fazendo-me de curiosa,
tentando afastar certa preocupação que
começava a inquietar meus ouvidos com
ruídos estranhos, sem que meus olhos
percebessem ninguém.
Veio o anoitecer. Veio a alta noite.
Perdi-me e ninguém apareceu.
Comecei a caminhar por entre a mata numa escuridão única sem saber a que lugar chegaria,
pois não havia lugar algum para chegar.
Por momento, o medo tornara-se maior que eu.Esbarrava em meio a tantas
folhagens e galhos, sentindo ferirem meu corpo, parecendo-me ser presa fácil.
Quando me libertei do embaraço, ao longe, avistei a luz.
Único sinal de direção. Passei a caminhar, depois a correr, correr sem olhar
para trás. Por mais que tentasse alcançar o rumo, não conseguia.
Cansada, sentei-me. Como a uma ordem, olhei para trás e lá estava ela - a luz.
Fiquei sem entender como era possível tamanha mudança de lugar.
Então percebi: a luz era reflexo do meu olhar a minha procura.

sábado, 12 de março de 2011

terça-feira, 8 de março de 2011

quinta-feira, 3 de março de 2011

Para Sempre

Quando a noite chega,
conta-me seus segredos,
todos tão quietos.
Abraço-os lentamente e
lanço-lhes meu beijo num
entendimento que não julgo,
apenas sinto.
Os segredos necessitam passear...
Sentir o suave toque para, na libertação, desabafar os cheiros contidos, tão bem guardados.
Assim, a noite quando descansa
deixa no ar o perfume...
E, ao respirar profundo,
gotas do sereno descem na ladeira da boca, fazendo os segredos nascerem no sorriso dos olhos, dirigindo-se aos céus em forma de estrelas,
guiando em segurança todos os viajores que acompanham
a noite em caminhadas sem fim...

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Algo

Algo

Os dias são lentos.
Arrastam-se como a mendigar.
Pede socorro aos ventos
como pedidos de anúncios.
Qualquer anúncio.
São momentos de ir e vir.
São esperas arrastadas como
lamentos.
É busca de um nada.
De um tudo.
Um tudo, quase nada.
Parece tão fácil achar.
Melhor não ter perdido.
Um estranho olhar fica
a meditar e não vai parar,
até encontrar o
Algo!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mistura

Face grudada
virada do avesso.
Coladas em mim
apenas palavras nuas
libertando segredos...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

sábado, 19 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Nascimento

Quando o sol nascer
é lá que quero estar.
Não,não vou apreciar da janela,
pois é lá que quero estar...
Nua!
Que queime todos os tecidos.
Que queime meus pecados.
Então escreverei poemas
pelo meu corpo.
Depois, depois seguirei...
Seguirei até que a noite me cubra e me leve pelos caminhos...
Seus caminhos...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Recortando Sonhos- Instalação

Em sonhos brandos,
brancos bordados...
Feitos de
Recortes,
Pedaços,
Trapos,
Sedas,
Decotes,
Travesseiros,
Travessuras...