Ás vezes, quando estendo meus pensamentos no varal, nas manhãs de julho, com o frio pincelando as imagens, pinto todos os retratos que, sorrindo acariciam meus olhos, num beijo de saudade por ter vivido justamente assim.

sábado, 26 de março de 2011

Ensaio Doméstico

O prato azul, acostumado com a prateleira, voou.
Foram noventa e sete anos passado de mãos em mãos.
Desde a primeira que o pegou, foi ocupado...
apreciado...
Restava ainda nas lembranças de outros o cheiro de sabão feito com cinza, apesar de já ter sido lavado com detergente de limão.
Quantas macarronadas,
feijoadas,
risotos servidos!
Delícias da tataravó Flora.
Agora, sombras de seu esqueleto passeiam na pá do lixo.
Enrolado nas folhas de jornal
- muito enrolado.
Colocado num saco.
Nunca feriu alguém, não poderia ser agora.
Histórias passadas, penduradas na grade do muro.

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